sexta-feira, 3 de março de 2023

America já atravessou o Atlântico para derrotar o "Rei" Eusébio


America conquistou vitória e título sobre o Benfica em 1973 (Foto: Arquivo Pessoal/Sérgio Lima)

Poucos clubes podem dar-se ao luxo de terem derrotado alguns dos maiores esquadrões da história do futebol. Especialmente quando as "vítimas" são jogadores lendários. O Santos de Pelé, o Botafogo de Garrincha e o Benfica de Eusébio são alguns destes times e craques quase imbatíveis. E coube ao mais que centenário America conseguir exatamente este feito: bater os "deuses do Olimpo" do futebol. Todos esses craques já ficaram, ao menos uma vez, de joelhos diante dos rubros. A "trinca" foi completada no ano de 1973 e foi preciso atravessar o Oceano Atlântico para consegui-la.

Naquele ano, o America era uma das equipes mais fortes do Rio de Janeiro e foi convidado pela empresa aérea TAP para a disputa de um mini-torneio em Angola, país africano que ainda fazia parte do território português. O adversário para buscar a taça era obviamente lusitano e seria justamente seu maior vencedor: o Benfica, de Lisboa, bicampeão europeu na década anterior. Em seu elenco, estava Eusébio da Silva Ferreira, o carrasco da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1966 e chamado pelos portugueses de "Rei", como se fazia com Pelé no Brasil. Mesmo já veterano, Eusébio ainda era uma referência que encantava qualquer fã de futebol. Portanto, uma parada duríssima.

Se o Benfica era o então campeão português e tinha na "Pantera Negra" seu artilheiro (marcou incríveis 42 gols na temporada 1972/73), o America vinha de uma quinta posição no Campeonato Carioca e tinha jogadores como o goleiro Vanderlei, o eterno zagueiro Alex, o dinâmico volante Ivo e Luisinho Lemos, que mais tarde se tornaria o maior artilheiro rubro em todos os tempos. Tudo sob o comando do técnico Amaro, também grande ídolo americano em seu passado como jogador. O desafio pelo troféu seria em dois jogos; o primeiro em Moçambique (outro território português) e o segundo em Angola. Se houvesse um vencedor diferente nas partidas, a decisão seria nos pênaltis após o segundo confronto. Depois da eliminação no terceiro turno do Carioca, o America embarcou para Lourenço Marques (hoje Maputo), capital moçambicana.


Em Moçambique, America jogou com uma rara combinação branca (Arquivo Pessoal/Sérgio Lima)


Estreia de branco contra Eusébio

Os confrontos serviriam como pré-temporada para os benfiquistas. O America já entrava na segunda metade de seu ano. Para o primeiro jogo, montou-se uma grande festa para receber os visitantes. Afinal, o Brasil era tricampeão mundial e um de seus representantes merecia todas as honras. Além disso, o clima era de euforia em Moçambique por causa de Eusébio, que nasceu lá e só anos depois partiu para Lisboa, onde fez história no Benfica. Portanto, a ocasião serviria para que seus conterrâneos pudessem matar as saudades do craque, que naquele ano conquistaria a Chuteira de Ouro, prêmio dado ao maior artilheiro da Europa.

Ao America, que não tinha nada com isso, lhe cabia o posto de "visita inconveniente". Os comandados de Amaro iriam obviamente querer estragar o espetáculo dos portugueses, mas a sorte acabaria sendo melhor para o Benfica no primeiro jogo, em 5 de agosto, no Estádio Salazar. As Águias ganharam por 2 a 0, gols de Eusébio e Nenê. O clube tijucano atuou com Vanderlei; Paulo Maurício, Alex, Mareco e Álvaro; Ivo, Tadeu e Mauro; Antônio Carlos, Luisinho e Sérgio Lima, com Expedito e Flecha entrando no decorrer do duelo. Assim, a conquista do troféu estava condicionada a uma vitória no duelo de volta, além de uma vantagem nos pênaltis. Portanto, nada irreversível. O maior desafio mesmo, a princípio, seriam as quatro horas de voo até o destino do novo duelo, já no dia seguinte.

Na decisão, melhor para os rubros

Em Luanda, o jogo se daria no Estádio dos Coqueiros. A camisa branca, usada no primeiro jogo, daria lugar ao uniforme vermelho tradicional, a mesma cor do Benfica. Era 8 de agosto, uma quarta-feira à noite, e o pequeno campo da capital angolana estava totalmente lotado. Os holofotes brilhavam sobre o número 10 de Eusébio, novamente a grande vedete do espetáculo. Mas a realidade é que o jogo foi equilibrado. Só aos 14 minutos do segundo tempo é que o primeiro zero saiu do placar e foi o do America: Sérgio Lima entrou pela esquerda e chutou sem defesa para o goleiro José Henrique. O 1 a 0 se manteve até o final e o jogo foi mesmo para a marca dos pênaltis.


Antes dos pênaltis, Eusébio (camisa 10, de costas) parece pressentir o pior (Arquivo Pessoal/Sérgio Lima)

Se, em Moçambique, todos torciam para o Benfica (especialmente Eusébio), o cenário já era diferente em Angola. Os torcedores pareciam apoiar mais o America. E embora o jogo fosse de pré-temporada para os portugueses, a ideia era vencer como se a partida valesse por um campeonato. O America aproveitou-se dessa tensão do lado adversário e bateu bem suas penalidades. Nas cobranças, melhor para os cariocas, que ganharam por 4 a 3. Coube ao capitão Alex erguer o Troféu TAP, um globo dourado com uma faixa diagonal, simbolizando o caminho entre Brasil e Portugal. Do outro lado do Atlântico, o gigante Benfica estava batido.

Depois disso, America e Benfica fizeram uma espécie de tira-teima, dois dias depois, já em caráter totalmente amistoso. Em Sá da Bandeira (hoje Lubango), interior de Angola, empate em 3 a 3. Flecha, Tadeu e Expedito marcaram para o America, com Toni, Nenê e Vitor Batista anotando para o adversário. Eusébio, novamente, jogou. Os portugueses sentiram de novo a força americana em Lisboa, quando os rubros arrancaram um 2 a 2 com o Sporting. Depois disso, o elenco voltou ao Rio para o Campeonato Brasileiro. A campanha foi fraca, com cinco vitórias em 28 jogos e uma eliminação na primeira fase. Mas o feito de bater o grande nome do futebol português ficou para sempre.

FICHA DO JOGO

America 1x0 Benfica (Pênaltis: America 4x3 Benfica)
Data: 08/08/1973
Competição: Troféu TAP - 2º jogo
Estádio dos Coqueiros (Luanda - Angola)
America: Vanderlei; Paulo Maurício, Alex, Mareco e Álvaro; Antônio Carlos (Luisinho) e Ivo; Mauro, Flecha, Tadeu e Sérgio Lima. Técnico: Amaro da Silveira.
Benfica: José Henrique; Mata da Silva, Humberto Coelho, Messias e Adolfo; Bastos Lopes (Barros) e Vitor Martins; Toni, Nenê, Eusébio e Moinhos (Vitor Batista). Técnico: Jimmy Hagan.
Gol: Sérgio Lima, 14'/2ºT (1-0)

Alex ergue a taça: America campeão em Angola (Arquivo Pessoal/Sérgio Lima)

quarta-feira, 2 de março de 2022

Há 70 anos, Madureira fazia Di Stéfano cair de joelhos

Alfredo Stéfano Di Stéfano Laulhé (1936-2014) foi um dos melhores jogadores que o futebol já viu. Ídolo do Real Madrid e do River Plate, o argentino talvez tenha sido o maior de todos antes do aparecimento de Pelé. Atacante de força, habilidade, instinto, raça e incrível eficácia, marcou mais de 500 gols, ganhou 15 títulos nacionais, cinco continentais e um mundial pelos clubes que defendeu. Pelo Real, é até hoje uma das maiores figuras e gabava-se de ter um retrospecto invejável contra o maior rival e freguês, o Barcelona: 17 vitórias em 30 jogos. Esta freguesia, no entanto, não se aplica ao modesto Madureira, do Rio de Janeiro. Na primeira vez em que a "Flecha Loira" encarou o Tricolor Suburbano, perdeu. E foi ofuscado por um brasileiro de nome Genuíno. Tudo por causa de uma excursão do Madura à Colômbia, nos anos 1950.

Era o ano de 1952. Di Stéfano já era um dos atacantes mais notáveis da América do Sul. Destaque na seleção argentina, tinha deixado seu país três anos antes após uma revolta de jogadores do River, que exigiam melhores condições de trabalho. Foi para a Colômbia, onde fechou com o Millonarios, de Bogotá. Na altura, o futebol colombiano não seguia as regras da FIFA e virou uma espécie de torneio "pirata", onde se pagavam fortunas às grandes estrelas que eram contratadas. Di Stéfano era uma delas e já tinha faturado um título nacional, tornando-se ídolo local. Enquanto isso, no Rio, o Madureira preparava uma excursão pela América do Sul, a terceira do clube em três anos. A equipe passaria por Venezuela, Colômbia, Equador e Bolívia para uma série de jogos amistosos.

Em fevereiro, o Tricolor esteve na Venezuela, onde obteve um retrospecto positivo. Primeiro, um empate em 1 a 1 com o Loyola e uma vitória por 3 a 2 sobre o Universidad de Caracas. Depois, mesmo em território venezuelano, o Madura passou a jogar contra clubes da Colômbia. Perdeu para o Deportes Quindío (3 a 2), venceu o Sporting de Barranquilla (3 a 1) e depois voltou a enfrentar o Quindío, desta vez com vitória (novamente um 3 a 1). Após passar o Carnaval na terra de Bolívar, o grupo atravessou a fronteira para conhecer a Colômbia, onde giraria por Bogotá, Cali e Armenia. Um roteiro diferente, já que na etapa venezuelana tinha se fixado em apenas na capital, Caracas.

Genuíno, a arma secreta madureirense

O Madureira chegou a Bogotá na virada do mês. A expectativa era pelo enfrentamento ao Millonarios, campeão nacional no ano anterior com larga folga. Enquanto isso, no Rio, só se falava na possibilidade da negociação do centroavante Genuíno, goleador do time no Carioca de 1951. Ele chamou atenção de vários clubes, especialmente após uma vitória sobre o Botafogo, na qual marcou os dois gols da vitória por 2 a 1, em Conselheiro Galvão. Ele era de fato um goleador e já vinha provando isso durante a excursão. Isso fez o Flamengo despertar interesse no camisa 9 e chegou-se a especular que ele voltaria ao Rio logo depois do aguardado amistoso. O que ninguém sabia ainda era que Genuíno seria fundamental no duelo. Ele negava-se a ser vendido pelo Madureira, o que complicou a negociação.

A história de Genuíno merece um parêntese. Mineiro, 24 anos, forte e habilidoso, tinha chegado em 1951 do Bela Vista, de Sete Lagoas (MG), onde nasceu. Estreou contra o Fluminense e já foi logo fazendo gol. Porém, só ganhou fama quando surpreendeu o Botafogo, já que o Glorioso perdeu terreno na luta pelo título carioca. Uma investigação levantada por General Severiano descobriu que o atacante estava irregular, já que tinha atuado por uma liga oficial de Sete Lagoas antes do Carioca, o que era ilegal na época. A partida foi anulada, mas os pontos do Madureira não foram perdidos. No fim, o Flu acabou mesmo campeão. Genuíno trabalhava como caminhoneiro e acreditava que não deveria ser negociado enquanto jogador. Afinal, não se via como uma mercadoria. Foi isso que atrapalhou os negócios com o Flamengo.

Alheio a tudo isso, o Millonarios esperava seu, até então, desconhecido adversário. O time colombiano, tido para muitos como o melhor do continente, era estrelado: além de Di Stéfano (dono de 32 gols no campeonato anterior), também tinha o goleiro Julio Cozzi - chamado de "o goleiro do Século" -, o volante Pipo Rossi e o meia Adolfo Pedernera, que também era o técnico. Todos eram argentinos e donos de história respeitável em seu país de origem. Para o grande jogo de recepção aos brasileiros, o time bogotano não teria Pedernera e Báez, que estavam viajando. De resto, os azuis iriam com todos à disposição para cima de um Madura que contava com nomes como Darcy, Bitum e um jovem de apenas 18 anos, chamado Evaristo de Macedo.

Os suburbanos varrem os "melhores da América"

Era um domingo de sol em calor em Bogotá. O Estádio El Campín recebia um bom público para ter de volta o Millonarios, que vinha do Uruguai após excursão em que perdeu para Peñarol e Nacional. O Madureira, que vinha em fase melhor, esperava conseguir um bom resultado diante do público internacional. Mal a bola rolou e já foi possível perceber que o time de Conselheiro Galvão teria um dia feliz. Para marcar Genuíno, definiu-se que o uruguaio Pini teria a missão. Ele era conhecido por ter um jogo violento, mas o centroavante madureirense foi demais para o beque. Logo aos quatro minutos, ele passou pelo adversário e chutou sem chance para Cozzi, fazendo 1 a 0.

Parecia surpreendente, mas o Millonarios nem teve tempo de se reorganizar: Silvinho invadiu a área pela esquerda após uma roubada de bola logo após a saída e marcou o segundo gol. O público, decepcionado, mal conseguia acreditar que o penúltimo colocado do Campeonato Carioca estivesse envolvendo um dos melhores times da América do Sul tão facilmente. A defesa do Madureira estava bem fechada e não dava nenhuma chance de penetração aos donos da casa. Na outra ponta do campo, Zuluaga e Pini não encontravam o ataque brasileiro: Evaristo chutou uma bola na trave e Silvinho quase marcou o terceiro. Só depois de tudo isso é que Di Stéfano teve sua primeira chance de marcar, conseguindo isso aos 17 minutos. Ensaiava-se uma reação para o time da casa.

Mas o Madureira continuou em cima. Eram 24 minutos quando Genuíno chutou para fazer 3 a 1. E seu próximo gol só não saiu logo depois porque a bola acertou a trave. Depois do "tiro de aviso", Evaristo bateu com mais pontaria e marcou o quarto, aos 30. Lá atrás, o goleiro Irezê garantia tudo sob as traves, mas Agnelo e Darcy faziam bom trabalho na contenção, não lhe dando muita exposição. Ainda antes do intervalo, outra vez Genuíno ficou sozinho e não titubeou para marcar o quinto. Eram incríveis 5 a 1 no marcador, que só não ficou mais extenso no segundo tempo porque a equipe carioca baixou seu ritmo. O Millonarios chegou a marcar mais um gol, novamente com Di Stéfano, mas a acachapante goleada suburbana já era realidade desde o intervalo. Madureira, cinco, Millonarios, dois. Um triunfo de relevo para o futebol brasileiro.

Muitos cariocas só ficaram sabendo do resultado dois dias depois, já que muitos jornais não rodavam às segundas-feiras. O resultado foi recebido com espanto e alegria pela imprensa do Rio, que chamou a vitória de "convincente", além de pagar grandes tributos a Genuíno por sua atuação e considerar ainda mais que justificado o interesse do Flamengo. Do outro lado, a crítica colombiana foi implacável com o Millonarios, questionando se o time era realmente capaz de ir bem na excursão que faria à Europa, dias depois. As palavras ao Madureira foram muito mais gentis: o jornal "El Espectador", de Bogotá, considerou que "o Madureira deixou magnífica impressão" e que "seu triunfo deixa bem colocado o nome do Brasil".

Oferta para comprar os craques brasileiros?

Espantado, o "El Tiempo" chegou a cogitar que um grupo de empresários de Medellín estaria disposto a comprar todo o time do Madureira para disputar o campeonato colombiano. Mas a proposta, se tiver realmente existido, foi rejeitada. O Millonarios pediu revanche e foi atendido: no domingo seguinte, os times voltaram a campo, mas desta vez o Tricolor não conseguiu repetir a boa atuação e foi batido. Vitória dos anfitriões por 3 a 0, com gols de Di Stéfano, Castillo e Rossi, mesmo ainda desfalcados de Pedernera e Báez. A retomada do Millonarios se mostrou válida porque, na semana seguinte, o time partiu para a Espanha, onde derrotou times como o Real Madrid, que passou ali a se interessar por Di Stéfano, que contrataria no ano seguinte.

O Madureira seguiu sua turnê pela Colômbia, perdendo para o Deportes Quindío - que voltava a encontrar - e para o Boca Juniors de Cáli, vice-campeão nacional. Na sequência, foi para o Equador, onde venceu LDU, Aucas e Everest. Mais tarde, passou pelo Peru, batendo o Universitario, e fez mais três jogos na Bolívia: empatou com o Bolívar e perdeu para a seleção de Cochabamba e para o The Strongest. A maior excursão internacional que o Tricolor já tinha feito até então, acabou em maio. Foram oito vitórias, dois empates e sete derrotas. A equipe marcou 38 gols e sofreu outros 31. No segundo semestre, o time jogou o Campeonato Carioca e ficou com um modesto oitavo lugar, apenas uma posição acima do desempenho de 1951.

São poucos os que conhecem (e os que se recordam) da história de uma das vitórias mais importantes de quase 110 anos de história do Madureira, talvez a mais relevante internacionalmente. Para contar, talvez apenas Evaristo esteja vivo. Ele, aliás, seria mais tarde rival e até companheiro de Di Stéfano, encontrando-se com o argentino ao defender o Barcelona e o Real Madrid. Mas, por aquela tarde colombiana de 2 de março de 1952, o velho craque sempre poderá dizer que se impôs a um dos maiores de todos os tempos vestindo uma camisa azul, branca e lilás. Graças ao seu talento e também ao de Genuíno, aquele humilde mineiro de Sete Lagoas que ofuscou o milionário argentino do riquíssimo conjunto de Bogotá.

FICHA DO JOGO

Millonarios 2x5 Madureira
Competição: Amistoso
Data: 02/03/1952
Estádio El Campín (Bogotá - Colômbia)

Millonarios: Cozzi; Zuluaga e Pini; Soria, Rossi e Ramírez; Mourín (Suárez), Mosquera, Castillo, Di Stéfano e Reyes (Aguilera).

Madureira: Irezê; Agnelo e Darcy; Claudionor, Bitum e Walter; Osvaldinho, Evaristo, Genuíno, Silvinho e Tampinha.

Os gols:
Genuíno, 4'/1ºT (0-1)
Silvinho, 5'/1ºT (0-2)
Di Stéfano, 17'/1ºT (1-2)
Genuíno, 24'/1ºT (1-3)
Evaristo, 30'/1ºT (1-4)
Genuíno, 37'/1ºT (1-5)
Di Stéfano, 28'/2ºT (2-5)

America já atravessou o Atlântico para derrotar o "Rei" Eusébio

America conquistou vitória e título sobre o Benfica em 1973 (Foto: Arquivo Pessoal/Sérgio Lima) Poucos clubes podem dar-se ao luxo de terem ...